sábado, 21 de novembro de 2020

O bicho do quero-quero

Ele anda por aí vestido de moda, atualidade e ostentação, quem não o conhece direito pode até achá-lo interessante, porque na verdade parece inofensivo, mas não se engane:pode ser cruel.

Da mesma espécie dos parasitas silenciosos, ele precisa de um hospedeiro... Qualquer humano que vive na atualidade pode sem querer, contraí-lo. Estamos falando do bicho do quero-quero.

Depois do contágio, o invasor não parece nada perigoso, e o doente não o percebe como mal, na verdade, inicialmente sente que está mais atualizado, quer se vestir bem e melhor, quer ter melhor condição de vida e possuir bens materiais... Então, que mal isso pode ter?

A verdade é que o hospedeiro não percebe que está adoecendo lentamente, porque na verdade, é pouco perceptível, mas ele ataca até crianças!

Depois de sua acomodação, o portador sente uma vontade enorme de possuir, de ter; passa a procurar por marcas e lugares mais badalados, os ambientes simples não são mais interessantes aos seus olhos.

Não se deve confundir tal enfermidade com a alegria de comemorar; postar fotos na internet; ter um equipamento bom, valioso; ter uma roupa cara, mas boa; viver lindo e cheiroso; cuidar de si mesmo, não. Se fizermos assim, seremos injustos com quem apenas é exigente em suas conquistas e forma de viver. O bicho do quero-quero deixa a indivíduo como uma "Maria vai com as outras", sabe?

A pessoa que passa a abrigar o pequeno vilão precisa estar sempre na frente. O melhor carro, as melhores roupas, os melhores celulares... Tudo tem que sempre estar novo, atualizado, moderno.

Quando o quero-quero ataca uma criança esta se torna uma consumista de primeira. Os pais não dão conta de comprar os brinquedos e eletrônicos que saem na mídia, mídia esta que é a alimento perfeito para o tal parasita, enchendo-o de mais e mais atualidades.

Não há uma cura imediata para o mal do quero-quero, pois não há formas de retirá-lo a força do humano que o hospeda, e para que haja a cura, o doente precisa de grandes doses de consciência, medicamento escasso no mercado atual.

O aproveitador não causa grandes males físicos, mas se o doente for pobre terá sérios problemas financeiros, ou terá de trabalhar mais que dobrado para suprir a fome do verme que o aprisiona, deixando assim de aproveitar as coisas mais simples e belas da vida, perdendo seu tempo com superficialidades e esquecendo da riqueza presente nos momentos acessíveis e descomplicados.

Se for rico e puder manter os gostos avantajados do filante, provavelmente não notará do que sofre, talvez sinta um vazio grande e não compreenderá o porquê de suas angústias, além de que poderá viver sempre na superficialidade.

A maioria dos males são invisíveis, pelo menos à maioria de nós, talvez não seja possível contabilizar exatamente a problemática, mas sem dúvida, uma vez contaminados por ele, nos tornamos menos empáticos, porque precisa-se de muita atenção para si próprio.

Vivemos numa sociedade contaminada e devemos ter muito cuidado com o bicho do quero-quero!





Um comentário:

  1. Tem razão. Hoje as pessoas são levadas a um grande consumo. Precisamos reforçar, sempre, que SER é muito mais importante do que TER.

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