Frozen: a vida real

(Contém spoiler)

"O medo faz escolhas onde o risco é menor"

Quando assisti Frozen pela primeira vez fiquei mto apaixonada. O amor entre as irmãs é algo mto claro no filme.

Amei aquela história, e como já era de se esperar, passei a compará-la com a vida real. 

Olhando mais de perto, a gente passa a ver uma série de semelhanças com a vida da gente. 

Separei aqui 3 observações que vou comentar a seguir:

Relacionamento com os pais

Os pais amavam suas filhas Anna e Elsa, mas quando descobriram algo diferenciado na vida de uma das meninas, não conseguiram ajudá-la a melhorar com sua condição. Deram a ela regras para que executasse, guardasse, e com isso, sem entender o que verdadeiramente tinha, Elsa passou a ficar com medo, e assim, o que era um talento, passou a ser o seu pior pesadelo.

Quando seus pais morreram a situação ficou ainda pior. Ela passou a ter medo de tudo. Sem orientação de como proceder no mundo sem eles, Elsa isolou-se completamente. Enquanto isso, Anna crescia só, achando que a irmã não a amava. 

As vezes como pais, quando percebemos que nossos filhos tem algo incomum, tendemos a deixar só com a gente, não é raro que alguns até escondam a questão, e sequer falem com a criança a respeito, criando assim, um grande tabu sobre o assunto. 

Os pais de Elsa e Anna queriam seu melhor, mas não estavam preparados para lidar com aquele dom. 

Talvez se fosse na vida real, poderíamos pensar que eles até queriam conversar com a menina, mas esperavam um momento mais propício, e nisso, as circunstâncias da vida lhes tiraram de suas filhas, e abriu-se então um grande abismo entre elas, e deixando-as completamente desnorteadas.

Ao assistir esse filme eu fiquei bastante reflexiva. Como erramos tentando acertar, né?

Por que deixar para amanhã a conversa que podemos ter hj? O amanhã não é nosso... Mas a responsabilidade de dar direcionamento aos nossos filhos, esta sim, é.

Para os pais, dom de Elsa poderia machucar a irmã, e por isso ela jamais deveria brincar novamente com Anna.

Por medo de machucar as pessoas que amava, Elsa passou a se afastar cada dia mais de tudo e de todos. 

O pai lhe ensinou algo que virou seu mantra: "encobrir, não sentir, não deixar saber", e quando num descuido ela não conseguiu controlar e tudo veio à tona, Elsa fugiu para um lugar onde pensava estar segura, não sabendo que havia deixado um rastro de frieza pelo caminho.

Fico pensando em como poderia ser diferente se os pais lhe orientassem, como teria sido lindo se em vez de tentar fazê-la esconder o dom, a fizessem domesticar seu talento... 

A ânsia de ter um relacionamento

Anna era a mais nova e nada entendia do que havia acontecido na infância, para ela, a irmã não a amava mais. 

Depois de bater e bater na porta dela por tantas vezes sem resposta, deduziu apenas que a irmã a odiava. Enquanto isso Elsa não sabia lidar consigo mesma, e tinha medo de vir a ferir novamente a irmã.

Trancada dentro do castelo por anos, tudo o que ela buscava era amor, e na primeira oportunidade que teve, não exitou, entrou de cabeça num relacionamento com um vigarista.

O oportunista Hans encontrou logo o que queria, e ao ver uma donzela tão carente, fingiu amá-la intensamente e ela acreditou de pronto.

Me faz pensar em como a falta de orientação nos faz confundir amor com carência. 

Anna não entendia a diferença entre amor verdadeiro e uma falsidade armada. Certamente a presença forte de sua irmã durante a adolescência teria lhe poupado desse sofrimento. Elsa era mais observadora, tanto que percebeu logo que não era amor coisa nenhuma.

A distância entre as meninas quase desgraçou suas vidas. Sorte foi Anna encontrar um amigo.

O amor verdadeiro 

Eu já vivi e vi pessoas acreditando em amores que não eram reais. Não sei o que é mais doloroso: acreditar no que não existe ou ver alguém a sofrer por algo irreal.

Quando a desilusão acontece, a dor é mto grande, há um buraco sem fim, e geralmente é qdo mais precisamos de ajuda.

Quando Anna está prestes a virar uma estátua de gelo, começa a refletir na profecia de que só um beijo de amor verdadeiro a salvaria daquela tragédia.

Ali ela já havia percebido que Hans era mal e que não poderia dar-lhe o beijo tão esperado, então, ela e Olaf buscam por Christofer, pois, descobrira que aquele rapaz que lhe acompanhara em sua jornada atrás da irmã, era um amor de verdade.

E nessa busca por encontrar o amado, vcs já sabem... Tudo desmorona. O encontro não acontece a tempo, e a linda garota vira uma estátua de gelo, como predito.

O mais maravilhoso vem, então!

Elsa chega, e vê a irmã estatizada. Chora amargamente abraçada a ela, na cena mais emocionante do filme, e aos poucos o coração de Anna vai voltando a bater! Eis aí, o amor verdadeiro!

Estamos sempre associando o amor verdadeiro ao ato romântico. Mas nós esquecemos que nossos primeiros laços de amor são (ou deveriam ser) dentro de família. 

Aquele abraço carregado de amor e tristeza salvou o coração de Anna. Mas e o beijo? O bjo não foi necessário! Pq o verdadeiro amor, o amor genuíno cura e ele não precisa ser romântico.

Amor de mãe, amor de filho, amor de irmão, amor de amigo, e sim, claro, o amor romântico, quando é amor, é curador.

Anna e Elsa se amavam, e esse amor era a maior cura que elas poderiam ter. 

Bjos e tchau!

Quando uma criança faz birra...

Quando uma criança quer algo e faz birra, é mais fácil entregar a ela o que quer; 

Quando bate em alguém, é fácil dar-lhe um tapa, assim, ela vai entender que quem bate também apanha;

Se te responde mal, é  só dar um grito nela que logo entende quem pode mais;

Se quer um presente caro,  é até fácil se matar e dar ao pequeno, já que seus pais nunca puderam, e vc sempre quis;

Se ela faz perguntas difíceis, é bem mais fácil responder com qualquer mentirinha, assim ela vai ficar até feliz, já que usaremos nossa imaginação, e criança adora.

Acontece que isso não é educar! 

O melhor caminho é sempre o diálogo,  mesmo que não tenhamos o dom,  mesmo que falte tempo e paciência.

Nessa hora, o melhor mesmo é respirar fundo e pedir a Deus a atitude certa, pq esses pequeninos mal chegaram à terra, não sabem nada ainda, e Deus confiou a nós pais a responsabilidade de ensiná-los a viver. 

Se der o que quer quando faz birra, ela crescer pensando que com chantagem conquistará seus objetivos;

Se você devolver quando ela bater, vai entender que pode resolver seus conflitos com violência;

Se gritar com ela, vai ensiná-lo a devolver instantaneamente qualquer afronta;

Se sempre der a ela o presente mais caro, ela não terá a consciência de que deve batalhar muito para ter o que quer, e assim vais buscar caminhos fáceis para obter o que deseja;

Se quando fizer perguntas difíceis você mentir, uma hora ela vai saber a verdade e vai se sentir enganado por ti, além de que pode ser ridicularizado por outras crianças, quando for indagado por esses. 

Cabe a nós isso. É o nosso dever. Façamos de nossos filhos seres humanos melhores que nós.

Com carinho, 

Amina

O casaquinho apertado e os relacionamentos

 Já tentou entrar numa roupa linda mas que simplesmente não serve em vc?

É tipo a roupa dos sonhos... Algo que vc idealizou por muito tempo e agora vc a tem, Então veste como se fosse a coisa mais preciosa da sua vida...

Daí vc olha no espelho e parece que ela é mesmo linda... E o toque do tecido, a cor, o modelo... Tudo é perfeito... Mas ela fica justa demais.

Imagine que é um casaquinho lindo e vc, depois que o coloca, mal consegue mexer os braços... Mas ainda está feliz, afinal, é a roupa que vc sempre quis!

Então vc até tenta sair para algum lugar vestida nela, mas sei lá, vc não se sente livre... Te aperta, te deixa quieta... Vc não é vc, mas continua feliz pq não só vc, mas todos admitem que a roupa é a sua cara. Manoooo, é a sua cara!

Acontece que só vc sabe o que aquela roupa representa e também provoca em ti.

Só vc sabe que mal consegue mexer os braços, só vc sente que embora o toque seja macio e aparentemente confortável, te limita.

Vc insiste então em continuar a usá-la, sofrendo, mas visivelmente linda.

Acontece o mesmo com relacionamentos.

Não falo só de namoro e casamento, Mas também de amizades!

Algumas pessoas estão na nossa vida simplesmente pq queremos e insistimos muito mesmo!

Temos às vezes uma visão equivocada sobre amizade e relacionamentos, e por querer tanto que alguém seja nosso amigo ou namorado, tentamos 'caber' nele. 

Nos ajustamos ao seu formato e visivelmente fica lindo, mas não é confortável para nós... Nos limita!

Mas então, o que fazer?

Jogar fora um relacionamento? 

Sou a favor de relacionamentos e sempre me ouvirão a falar isso. Não sou a favor de abandonar amizades ou qualquer relacionamento pq devemos cuidar uns dos outros.

Mas não devemos valorizar a ninguém mais do que a nós mesmos. Entre os dez mandamentos está: "amar o próximo como a ti mesmo"; não diz "ame o outro mais que a vc". 

Ame sim. Ame mesmo! Ame sem reservas... Mas não deixe de dar a vc o valor que vc merece.

O casaquinho é lindo... Mas não posso permitir que limite meus braços... Não posso me adequar a ele e machucar a mim.

Se não serve, não serve, e fim.

Ame-se. O casaquinho pode ser lindo, mas não te cabe bem.

Bjos com carinho,

Amina

Mulher!

 Uma força incrível escondida num ser aparentemente tão frágil; uma fé inabalável, depositada num ser tão desacreditado; um amor indescritível, compartilhado por um ser, muitas vezes, menosprezado. Assim é a mulher. 

Por todos os lados, as mulheres são bombardeadas, quer seja pelo machismo,  calando, inferiorizando, impedindo que mostrem todas as suas habilidades, ou pela opressão da mídia, exigindo que estejam preocupadas com coisas supérfluas, como se a beleza fosse única e exclusivamente exterior e que devem cuidar disso em todo o tempo. 

Essas mulheres, com tantas qualidades, jamais serão perfeitas, mudarão o curso das coisas naturalmente, criarão homens e outras mulheres maravilhosas; moldarão os companheiros e os que os cercam de forma tão sutil, que poucas, muito poucas dessas serão realmente valorizadas. 

A mulher não foi feita para ser entendida, mas amada, ouvida e respeitada, mas ao menos por nós mesmas tenhamos um amor verdadeiro. Que seja verdadeiro o nosso amor próprio. 

Quando Deus nos fez, acredito que queria algo realmente incompreensível. 

Há muitas de nós na luta por nossos direitos, mulheres que se vestiram de sua coragem para guerrear, não as ignoremos, oremos apenas para que não percam o foco, para que não fiquem extremistas como os que são contra nós; há tantas de nós que estão sendo mutiladas em todo o mundo, oremos por elas... 

E quanto a nós, em nossas lutas diárias, sejamos fortes e não deixemos que nos diminuam, vamos seguindo a vida, dando mais de nós em tudo o que estiver em nossas mãos. 

Nesse dia Internacional da Mulher, que lembra uma grande tragédia, uma luta desigual e cruel em que tantas mulheres morreram, paremos um pouco para refletir sobre nosso valor e pedir por aquelas que tem menos que nós. 

Direitos iguais? Não sei bem se é isso, jamais podemos ser comparadas aos homens, somos diferentes, totalmente. Fisiológica e emocionalmente diferentes, então, nossos direitos são diferentes dos deles...

Respeito aos nossos direitos... 

Respeito à mulher, isso é o que queremos. 

Sempre haverá alguem lutando por nos: Deus! Parabéns, mulher!

Com amor, 

Amina

Falar a verdade

 O dia em que senti que estou fazendo a coisa certa com meus filhos. 

Ganhei de aniversário um lindo Globo terrestre, um sonho de criança. Quando o levei para casa, meus filhos souberam naquele instante o quanto aquilo seria especial para mim... volta e meia a gente olhava lá para conferir no mapa os lugares que ouvimos falar nos filmes... 

Um dia desses meu Lucas chegou a mim e disse: - mamãe, o Globo ta manchado! - Eu estava no quarto, levantei às pressas já irritada, as meninas estavam no sofá, então eu olhei e vi várias manchas, minha vontade era de gritar... mas não o fiz, ainda assim, quem olhasse pra mim alí, saberia que eu estava com muita raiva. 

Então perguntei com aquela cara de má que sei que dá até medo:  quem fez isso com o Globo? Vcs não sabem o quanto isso é importante pra mim? E já comecei aquele discurso de como puderam fazer aquilo, blá blá blá... 

Minha Carol pediu a palavra, mas eu estava tão irritada que não conseguia dar a ela naquele momento e prossegui com aquele discurso cansativo... ela continuou pedindo, com o olhar cada vez mais triste, então saí do meu 'transe' e entendi que ela queria falar a respeito do ocorrido... meu coração gelou, entendi naquela hora que ela havia feito algo, então eu perguntei o que ela queria dizer... quando me disse "mamãe", quando ia me explicar, eu emudeci, na hora me deu uma dor e alegria... um misto que eu ainda não havia experimentado em vida, entendi que ela estava sendo corajosa para me dizer a verdade, mesmo eu estando uma fera ali na sua frente... 

Eu, segurando o Globo na mão, chamei ela pra mim; seus olhinhos marejados e cheios de tristeza me deixaram triste, mas eu ainda estava feliz, poxa, ela estava ali para me dizer a verdade... como foi corajosa! Ela veio e me agarrou com tanta força... chorando... então eu perguntei se havia sido ela, mas é claro, não precisava dizer, ela balançou a cabeça dizendo que sim,  soltei a peça e a abracei... rs, eu disse a ela: - o que vc fez foi mto lindo e corajoso! - ela levantou os olhos ainda me abraçando, e me perguntou pq, com um olhar confuso, então eu disse que a coragem que ela teve de me dizer a verdade foi algo muito lindo... ela me abraçou ainda mais forte e começou começou chorar... (estou chorando agora ao lembrar disso). 

Ficamos ali, nos abraçando, e eu disse a ela que estava orgulhosa... disse que não podia mentir, eu tinha que dizer que ainda estava triste pelo que aconteceu, mas sinceramente, foi a coisa mais linda e corajosa que já vi... 

Isso aconteceu pq estou lhe ensinando a passar pano nos móveis, nesse dia usamos removedor, e ela quis limpar o mapa... 

Agora, todas as vezes que olhar para o Globo, as marquinhas deixadas por ela serão a prova de que estou ensinando meus filhos a lidarem com seus erros, serem sinceros e verdadeiros... 

Dizer a verdade pode ser doloroso, mas para mim é uma maneira de sentir-se limpo... de que adianta todos pensarem que somos bons, se dentro de nós sabemos que somos mentirosos?  

A mentira vira um vício, dos piores que já vi, o mentiroso, por vezes, acaba acreditando no que inventa e por vezes olhamos para ele e sabemos que está sendo enganoso, não quero isso para meus filhos, nem para mim... não quero que meus filhos culpem a outros, nem que sejam coniventes com mentirosos... 

Precisamos aprender a lidar com nossas culpas e aprender a dizer a verdade!

Fraqueza ou esperança?

Temos vivido dias de angústia, medo e preocupação.

Alguns querem chorar, outros querem gritar... cada um reage de uma forma, e está tudo bem. 

Mas nestes dias de tantas aflições precisamos nos manter fortes.

Salomão escreveu em provérbios 24:10

"Se te mostrares fraco na angústia, a tua força será pequena".

Como podemos ficar fortes diante de tantas dores?

Como não chorar diante de tantas perdas?

Impossível!

Mas esse também é um lembrete (tão atual) para que não nos afundemos na tristeza.

Não podemos dar lugar a angústia, pq ela nos deixa mais vulneráveis física e emocionalmente, assim, ficaríamos ainda mais suscetíveis às doenças. 

Evidentemente é impossível não sentir as dores do presente, não dá pra fingir que não está acontecendo nada, mas precisamos também de esperança! 

Jeremias, em Lamentações 3:21 disse:

"Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança".

Esta deve ser a ocupação da nossa mente: a esperança! Trazer à mente recordações que nos fazem novamente acreditar.

O que te traz esperança? O que move o teu coração? Quando foi a última vez que teu coração vibrou?

Ah... A esperança 

Tenhamos esperança de que dias melhores virão!

Nenhum mal dura para sempre!

Boa noite, meus queridos, 

Com carinho, 

Amina 

Meu pai, um idoso.

Quase não o reconheço em sua fragilidade hoje, nesta manhã, enquanto esperamos parar realizar um exame de rotina. Andar lento, olhar cansado, pensamento distante... Como meu papito envelheceu!

Esta observação só foi possível porque há uns dias ele esteve dodói e fomos ao médico, foi ali que comecei a perceber sua velhice. 

Logo na recepção eu avisei que tinha 75 e me deixaram acompanhá-lo. Foi tão estranho. Aquele homem que me carregava em seu ombro enquanto voltávamos da igreja, aquele mesmo homem que me pegava no colo quando eu chorava, aquele homem, o mais forte do mundo... Agora está idoso e precisa da minha companhia para entrar no consultório.

Lembro-me como se fosse ontem de muitos momentos em que era forte e ativo, e aqui, sentada ao seu lado, esperando, tento imaginar o que passa na sua cabeça, com esse olhar tão distante.

Ser pai não deve ser tarefa fácil, a sua postura deve sempre ser a de força, e ver-se assim, frágil, não deve ser agradável. Envelhecer também deve ser muito difícil, ver saindo de você a força de toda a sua vida... 

Escrever sobre isso me deixa emotiva, porque ele sempre foi meu herói. 

Lembro de quando íamos ao mercado e eu era adolescente, em frente a nossa casa tinha um morro, e corríamos juntos... Ele sempre ganhava! Eu corria bastante mas nunca o alcançava. Eu achava o máximo! Ano passado tentamos e eu o venci, rs, então me disse: "ah... O pai tá velho".

Meu pai sempre foi aquele pai presente, presente mesmo. É amigo, conselheiro, carinhoso, minha mãe sempre diz sobre suas qualidades como pai, sei que isso sempre ajudou, ela também é responsável pela admiração que sinto por ele, procuro fazer o mesmo na relação dos meus filhos com meu marido. 

Nunca o vi doente quando eu era criança, nem adolescente, nem mesmo adulta. Nem quando começou a frequentar mais o médico, quando começou a envelhecer, eu não notava, estava vivendo minha vida, cuidando das minhas tantas atribuições... 

Lembrei agora que ele as vezes pedia que eu marcasse consulta com esse ou aquele especialista, eu quase sempre me esquecia... Como ele ainda era bem forte e ativo, só reclamava comigo, rs, dizia bravo: "é, você esquece, você sempre esquece!". Eu ainda rio ao lembrar disso porque ele ficava realmente bravo e eu também ficava com ele. Queria que eu agendasse consultas, exames, mas minha vida era muito louca, eu não tinha tempo... (Ainda não tenho) não enxergava a sua velhice, estava apenas se cuidando, e eu o via muito forte. Hoje, se eu esquecer de lhe dar algo de que necessita, provavelmente vá me dizer apenas: "tudo bem, filha, depois a gente vê isso". 

Meu pai foi um filho impecável, talvez tenha sido até demais, fazia tudo pelo meu avô, cuidou dele até o último dia de vida... não chego nem perto disso no quesito cuidado, e sinceramente não serei boa como ele foi, mas aqui, na fila de espera para um exame, me passou que agora preciso cuidar do meu herói. 

Hoje ele está meio abatido porque se recupera de uma gripe, sei que em breve estará bem melhor, mas talvez seja essa a nova vida do meu papito, a de um homem que precisa de mim e dos demais filhos o tempo todo.

(Este texto foi escrito em dois momentos)

Aqui, esperando o momento da tão esperada consulta (sim, consulta. Era exame pela manhã, e agora estamos novamente neste lugar de espera), vejo outro idoso. Está sentado bem à nossa frente, sozinho. Não tem telefone pra contato, disse à recepcionista, fala com dificuldade, não ouve mto bem... Isso me partiu o coração. Onde estamos nós agora em que nossos pais estão precisando da gente? 

Cadê aqueles filhos que diziam "eu te amo pra sempre" quando eram crianças?

Reflito sobre essa nova realidade e vejo que na verdade é um presente. Cuidar de quem sempre cuidou tão bem de mim, é uma honra, porque meu pai agora é idoso.

Te amo, Papito❤️

(Edição)

Após a publicação deste texto, uma querida me fez lembrar que nem sempre os filhos podem acompanhar seus pais nas tantas consultas, e que embora a lei determine que o idoso tenha um acompanhante, não há leis que facilitem a vida dos filhos para estarem com seus pais, o que torna simplesmente impossível ajudá-los, pois não há abono e o custo de um cuidador é altíssimo. 

Assim, temos um problema muito maior.  Obrigada Suzana, por sua contribuição❤️.